quinta-feira, 7 de agosto de 2008

ENFRENTANDO A MORTE

O apóstolo Paulo, ao ensinar a imortalidade da alma, reportou-se à morte, perguntando: onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está o teu aguilhão?

Para os que crêem na transitoriedade da vida física e na perenidade da vida espiritual, a morte é encarada com serenidade.

Recentemente, um companheiro espírita passou pelo doloroso lance da desencarnação de sua esposa. Naturalmente que o coração ficou dolorido. Era a separação física, após multiplicados anos de um matrimônio de muito amor.

Juntos, eles construíram o lar, recebendo os filhos, um após o outro, sempre com renovada ternura.

Juntos, observaram os filhos, um a um, formarem seus próprios lares, coroando-lhes a existência com vários netos.

Juntos, choraram as dores dos filhos, resolveram as dificuldades próprias da vida terrena, e se alegraram com as pequenas e grandes conquistas da sua prole.

Juntos, comemoraram muitos aniversários, dos filhos, dos netos, do seu casamento, muitos natais de luzes e paz.

Juntos, gozaram férias, foram à praia e ao campo, sempre lado a lado, ano após ano.

Agora, ela partira. Mas, apoiado na fé e na certeza da imortalidade, embora com as lágrimas a lhe invadirem os olhos, ele tomou as providências que se faziam necessárias.

O corpo da esposa foi levado para o lar, para as homenagens da família e dos amigos. Tudo simples. O caixão, e nada mais.

Entretanto, à medida que os familiares e amigos iam chegando para os adeuses, algo inusitado lhes chamava a atenção, na ampla sala de visitas. Em vez de se deterem frente ao caixão, que estampava a morte, seus olhares eram atraídos para a parede da sala onde estavam afixadas várias fotos de quem se fora. Fotos de sua juventude, fases da maternidade, fotos de alegria e de convivência familiar.

Em meio a elas, escritos e desenhos de crianças. Todos os que ela guardara, com carinho, ao longo dos anos, feitos por seus netos: os primeiros rabiscos, as primeiras letras, os ensaios de gravuras. Um verdadeiro louvor à vida que nunca perece, ao espírito que se fora, cumprida a tarefa.

Na hora de baixar o corpo à sepultura, as netinhas, num coral espontâneo, cantaram uma doce canção para a avó. E filhos e netos soltaram balões coloridos que rapidamente encheram de colorido o céu, numa clara mensagem de liberdade.

Por fim, uma salva de palmas ao espírito que, vitorioso, abandonou o casulo da carne, retornando ao mundo espiritual.

Para quem participou, foi emoção pura. Para quem se deteve em observação, uma lição de vida no enfrentamento da morte.

Para quem crê, a certeza de que a vida prossegue, e o ser amado se encontra em pé, aguardando os amores que ficaram, até o término da sua própria jornada.

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Quase sempre a desencarnação de alguém é considerada infortúnio por aqueles que permanecem ainda na terra.

Certamente é uma questão grave, mas não desgraça real, exceto para quem não creia na vida verdadeira, que se estende para além da aduana da morte, adentrando pelas largas e iluminadas portas da espiritualidade. Sabendo-se enfrentar esse fenômeno natural, dele se pode retirar valiosos bens que felicitam a criatura.

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Equipe de Redação do Momento Espírita

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