"O ciúme traduz o sentimento de propriedade, ao passo que a inveja mostra o instinto de roubo."
Autor desconhecido
Conta uma antiga lenda que, numa linda manhã de primavera, uma fada encantada visitou um rapaz de uma pequena comunidade oferecendo ao felizardo um único desejo. Poderia pedir qualquer coisa e ela o atenderia. Entretanto deveria estar ciente de que o que escolhesse para si, o seu vizinho, que residia na casa mais próxima à sua, receberia em dobro. Ou seja: se desejasse riqueza, aquele que morava ao lado estaria duplamente rico. Se quisesse muita saúde, provavelmente o outro viveria o dobro de tempo. E por aí vai.
Para espanto da bondosa fada, o rapaz nem precisou pensar muito: pediu à doce senhora que lhe arrancasse um dos olhos. Com isso, o desafortunado vizinho ficaria completamente cego.
“Ótimo, pois em terra de cegos, quem tem um olho é rei!” - analisou o malvado.
Tal estória ilustra com maestria o modo de agir do invejoso: para ele não importa sequer o quanto sairá perdendo com seu sentimento, com suas investidas, desde que o objeto de sua cobiça saia profundamente prejudicado. No advento da inveja, o outro possui algo que é preciso lhe seja tirado. “Por que não tenho se ele tem?” – tal pergunta ronda sua mente com muita freqüência. É como um fantasma que não se afasta do assombrado, atormentando-o dia e noite.
Muitas pessoas prejudicam-se largamente por agirem assim. Aliás, nem poderia ser diferente, pois mesmo que diante da justiça humana nada lhes aconteça, invariavelmente, dentro das Leis Universais, estarão contraindo dívidas que deverão ser sanadas um dia. Isto porque todos nós estamos sujeitos à lei de causa e efeito, sendo que a dor - divina pedagoga - certamente fará morada em nossas almas quando nos desviarmos do caminho correto.
Vale citar que, no caso do invejoso, o sofrimento é praticamente imediato. Torna-se insuportável para ele a felicidade do outro, mesmo que este outro, na verdade, nem seja assim tão feliz...
Como diz o velho ditado, o feitiço vai virando contra o feiticeiro...
Existe um mito grego-romano em que um personagem chamado Erisy-chton destrói um carvalho sagrado da deusa Ceres, desrespeitando-a. Seu prazer estava em retirar da deusa aquilo que ela amava. Ceres então o amaldiçoa, condenando-o a uma fome insaciável. Passou a comer tudo o que lhe aparecia pela frente, vendeu até mesmo a própria filha para comprar alimentos. Mas nada era suficiente e acabou por devorar a si próprio. Triste final, não é mesmo? É o que acontece com todos aqueles que se envolvem nas teias de tal sentimento. Na ânsia de destruir o outro, acabam definhando por conta própria.
Outro aspecto curioso do invejoso é que ele sequer admite sentir inveja. Em pesquisa realizada no Estado de São Paulo, das 80 pessoas entrevistadas, 80 disseram não sentir inveja de ninguém. Incrível! Já dizia o autor do livro “Mal secreto – inveja”, o consagrado jornalista e professor universitário Zuenir Ventura, que: "O ódio espuma. A preguiça se derrama. A gula engorda. A avareza acumula. A luxúria se oferece. O orgulho brilha. Só a inveja se esconde." Realmente. Ninguém admite ser invejoso, mesmo que já tenha criado úlceras pépticas de tanto pensar numa maneira de tirar o que deseja de seu desavisado oponente. Isso porque, curiosamente, até o invejoso acha monstruoso sentir inveja. Entretanto, se consegue esconder dos outros, não o pode fazer com relação à própria consciência que um dia despertará, dolorida.
Já o ciumento, diferentemente do invejoso, não deseja tirar algo do outro, mas pensa que o outro lhe pertence. Vive uma vida febril, doente, desesperada. Não consegue ter paz nem por um instante, imaginando com quem o outro estará conversando, o que estará fazendo, se lhe prefere aos demais, etc. Não apenas sua vida é doentia como arrasta o seu eleito ao desespero, perseguindo-o abertamente, cobrando satisfações, atacando-o, impiedosamente.
O primeiro deseja algo que não lhe pertence. O outro quer algo que ‘acha’ que é seu.
Se por um lado é preciso prevenir as pessoas que apresentam tais comportamentos patológicos quanto à necessidade de tratamento e mudança no caráter (reforma íntima), também se faz necessário estar atento para não ser objeto da perseguição deles. Claro que nem sempre conseguimos nos livrar dessa prova difícil, porém um pouco de cautela nunca é demais... Já dizia meu marido que “é melhor ser um ilustre desconhecido do que um alvo de seca pimenteira”.
Logicamente não precisamos sair pelas ruas envolvidos em trapos, tampouco esconder do mundo toda nossa inteligência ou cordialidade: existem pessoas-morcego que se enroscam no pescoço de qualquer um, inclusive dos menos privilegiados. Entretanto, caro leitor, pautar a própria existência sob as bases do exibicionismo é atrair para si os holofotes dos invejosos e, infelizmente, estar aberto aos ataques, que podem ser, inclusive, energéticos.
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CLAUDIA GELERNTER
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terça-feira, 12 de agosto de 2008
INVEJA: MUITOS SENTEM: NINGUÉM ADMITE.
Postado por Luiz Felipe às 21:17
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2 comentários:
Amigo Luiz. Onde encontraste tão brilhante pensadora? Realmente suas palavras nos levam a profundas reflexões. Acredito que todos nós estamos sujeitos ao ciúme e a inveja alheia como também estes sentimentos podem pairar em nossas mentes. O certo mesmo é tentarmos nos policiar seguindo sempre o caminho reto ao crescimento espiritual. Concordo quando ela diz que ao ligarmos os holofotes atraimos a atenção mas se temos fé e Deus em nossos corações não há mal que nos derrote nunca devido exatamente a Lei Universal do retorno. Beijos! Fique com Deus!
Que grande prazer, Jaqueline!
Realmente, a confiança em Deus e o auto- conhecimento são caminhos certos para nossa evolução espiritual. Conhecendo as virtudes que possuímos e as limitações a superar. Tornando- nos aptos a expandir nossa aptidão amorosa e, enfrentar e superar as intempéries íntimas e as adversidades exteriores .
Linda Jaqueline, um carinhoso beijo e que Deus te abençoe!!!!!!!!!!
PS: Este é o site onde achei este belo texto.
http://somostodosum.ig.com.br/c.asp?i=9875
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