sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O SULTÃO E O VIZIR


Durante uns trinta anos, um Vizir, que era conhecido e admirado por sua lealdade, sinceridade e devoção a Deus, serviu ao seu senhor.

Sua honestidade, entretanto, gerou inimigos na corte, que espalhavam calúnias a seu respeito.

Eles falavam ao ouvido do Sultão o dia inteiro, até que ele também começou a desconfiar do inocente Vizir e acabou condenando à morte o homem que lhe servia tão bem.

Naquele reino, quem fosse condenado à morte, era amarrado e jogado no cercado onde o Sultão mantinha os seus cães de caça mais ferozes.

Os animais estraçalhariam a vítima de imediato. Antes de ser jogado aos cães, entretanto, o Vizir fez um último pedido: precisaria de dez dias de trégua.

Nesse tempo pagaria as dívidas, recolheria o dinheiro que lhe deviam e devolveria artigos que as pessoas lhe deram para guardar.

Dividiria seus bens entre os membros da sua família e indicaria um guardião para os filhos.

Depois de ter a garantia de que o Vizir não iria tentar fugir, o Sultão lhe concedeu o pedido.

O Vizir correu para casa, juntou cem moedas de ouro, depois foi visitar o caçador que cuidava dos cães do Sultão.

Ofereceu ao homem as cem moedas de ouro e disse: "Deixe-me cuidar dos cães durante dez dias".

O caçador concordou e durante os dez dias seguintes o Vizir cuidou das feras com muita atenção, tratando-as bem e alimentando-as bastante.

No final dos dez dias elas estavam comendo na sua mão. No décimo primeiro dia, o Vizir foi chamado à presença do Sultão, e este assistiu enquanto o Vizir era jogado aos cães.

Mas quando as feras o viram, correram até ele e mordiscaram afetuosamente suas mãos e começaram a brincar com ele.

O Sultão ficou espantado e perguntou ao Vizir por que os cães haviam poupado a sua vida.

O Vizir respondeu:

"Cuidei desses cães durante dez dias e o senhor mesmo viu o resultado.
Eu cuidei do senhor durante trinta anos, e qual foi o resultado? Fui condenado à morte por causa de falsas acusações levantadas por meus inimigos”.

O Sultão corou de vergonha. Ele não só perdoou o Vizir como lhe deu belas roupas e lhe entregou os homens que o haviam difamado.

Mas o nobre Vizir os libertou e continuou a tratá-los com bondade.

Por vezes nós temos agido como o Sultão da história. Desconsiderando pessoas que nos são fiéis por longo tempo, damos ouvidos a outras que desejam destruir e infelicitar.

Há sempre caluniadores nos palcos terrenos, e sempre há quem lhes dê ouvidos e crédito.

O indivíduo que fala mal dos outros quando estes estão ausentes, não tem boas intenções.

Quem deseja edificar, corrigir equívocos, melhorar a situação, fala diretamente com os envolvidos e ouve as suas razões.

Geralmente instigadas pela inveja, o ciúme, o despeito, pessoas arrasam a vida de outras pessoas e geram infelicidade para si mesmas, num futuro próximo ou distante.

Por isso, é sempre importante pensar sobre as verdadeiras intenções daqueles que gostam de fazer comentários sobre quem não está presente e não tem a menor chance de se defender.

É importante considerar, ainda, que quem faz comentários maldosos dos outros para você, poderá fazer de você para os outros, logo mais.

Pensando assim, sempre que o assunto em pauta for uma pessoa, seria justo que ela pudesse participar da conversa.

Você não gostaria de estar presente quando o assunto fosse você?

Pois bem, é muito provável que as outras pessoas também desejem o mesmo.

Por mais fascinante que seja falar mal dos outros “pelas costas”, isso jamais fará dessa prática uma atitude nobre.

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REDAÇÃO DO MOMENTO ESPíRITA
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