“Passamos, após várias experiências existenciais, da animalidade para a humanização e hoje atravessamos um período em que chegou o momento de romper o silêncio.
A raça humana se encontra numa encruzilhada: subjugar-se à vida material ou buscar a conquista do mundo espiritual”, nos ensina Lama Govinda, no Livro Tibetano dos Mortos.
Essa sentença, proferida por esse grande mestre, dá uma idéia exata e profunda do que nós seres humanos, precisamos realizar agora.
Certas descobertas científicas, dentre elas, a liberação da utilização da célula-tronco, acena com a possibilidade de se extinguir a doença do corpo humano. Como será que a religião, que fundamenta suas atividades sobre o sofrimento da criatura humana, poderá sobreviver, sem a doença, que tanto desfibra e intimida a humanidade.
Por outro lado, o ser humano não teme mais Deus, nossos filhos crescem, nessa época, sem ter em sua atmosfera a presença do “Pai nosso que está no Céu”. E eu pergunto: será possível, hoje, a uma mãe, trazer uma filha ou filho, para junto de si ao lado da cama, para antes de dormir, dobrar seus joelhos, juntar suas mãos e fazer uma oração?...
Quase impossível, pois elas, as nossas crianças, estão lá nos seus quartos, na internet ou jogando games, ou ainda nas baladas...
Em minha atividade no Projeto Mutação, tenho visto que se repete na história das pessoas, a ocorrência, na infância ou juventude, do assédio sexual. Portanto, o que se dá hoje em dia não é só privilégio de nosso tempo. De quando em quando, eu fico com vontade de dizer para os religiosos, que voltem suas atenções para esse processo, tão difícil, tão perigoso que ameaça a humanidade. E agora, a mídia descobriu esse filão, ganhando divisas e uma fortuna, com a divulgação dos casos de pedofilia.
Digo isso porque não se vê a iniciativa de se impedir que essa doença que incendeia a vida da humanidade se alastre e invada nossas casas. Ou será que alguém em algum lugar está realizando algo. Sinceramente, é pouco, divulgar, clamar aos céus, acusar os criminosos. O caminho que se deve percorrer para a eliminação dessa praga que assola o Planeta é a consciência sobre o Amor, sobre o Respeito e o Perdão.
Estamos no amanhecer da compreensão de nosso lugar no Universo e do extraordinário poder de flexibilidade e de transcendência de que somos capazes. As descobertas científicas estão lançando um desafio; somos herdeiros de uma tremenda virtuosidade evolucionária.
Então, porque tanta escassez de compaixão e solidariedade nas relações humanas? Uma cliente esteve comigo trazendo na bagagem emocional traumas, vontade de acabar com a vida, mágoas profundas da mãe e do pai. Fizemos alguns processos, conversamos, buscamos entendimento e caminhos. Sempre procuro deixar bem claro que os nossos pais, como seres essenciais, escolhidos por Deus e por nós para nos permitirem a vinda na Terra são muito importantes e devem ser amados intensamente.
Mas o homem e a mulher que nos criou nem sempre são pessoas justas, definidas, compassivas. Eles têm defeitos, naturalmente.
Diz ela: “Estou te escrevendo para te falar sobre esta semana, estou me sentindo bem mais calma e interiormente, mais silenciosa, não estou mais em ebulição como estava me sentindo, é como se algo dentro de mim tenha se aquietado, também estou quase pronta para fazer o exercício de enterrar algumas coisas do passado, mas não estou me apressando, tudo vai acontecer no momento certo, não é? Aconteceram algumas coisas que me fizeram perceber esta mudança, no fim de semana não discuti nenhuma vez com minha mãe e durante a semana também, e isso não acontecia, a coisa mais comum era a gente discutir, acho que estou mais paciente. Ontem eu estava trabalhando e, de repente, comecei a ficar aflita e com uma angústia muito forte, tive que ligar para minha mãe e pedir para ela não atender nenhum estranho; foi difícil me controlar, eu não sentia mais esse tipo de coisa tão forte, mas depois desta crise e de ter feito uma oração e conversado com a alma dela, consegui recuperar a calma e passei o resto do dia bem. Se fosse em outra época, isso não ia acontecer eu ia ficar mal o dia inteiro remoendo este sentimento. Se foi um pressentimento ou não, não sei, mas fiz o que podia, alertei minha mãe e orei para que Deus guardasse minha mãe e minha casa. Outro fato interessante, desde sexta-feira minha rua está completamente sem luz e na terça feira tive aula de espanhol e cheguei mais tarde, você sabe, tinha muito medo, mas dessa vez nem pensei na rua escura, isso também mudou, pois se fosse antes provavelmente eu nem iria na aula ou não ia conseguir prestar atenção. Estou me cobrando menos, é como se eu estivesse mais tolerante comigo mesma, isso para mim é uma coisa nova. E o que mais estou gostando, comecei a conversar com Deus novamente, simplesmente como um amigo, sem impor condições, quero acreditar novamente que Ele sabe o momento certo. Já escrevi bastante, mas é que esta semana realmente estou me sentindo diferente, já que não pensei nenhuma vez que não queria continuar vivendo ou com a angústia que eu vivia sentindo. Estou me sentindo leve e quero compartilhar com você”.
Ela está certa, Deus sabe o momento certo e eu, cá em meus pensamentos, acredito que este pode ser o momento certo de nós todos, enquanto sociedade, tomarmos as rédeas da vida e refazer nossos caminhos e atitudes. Ter a coragem de confessar que errou o caminho, pensar bem e voltar para a estrada certa, procurando Deus. Ele não está disperso, longe de você, não. Nós é que nos enredamos em situações outras que nos distanciaram de Deus, não importa que configuração você faça dele. Pode ser um Deus antropomórfico, na figura de um velho de barbas longas, ou o grande arquiteto do Universo, Allah, Jeová seja o que for, mas o importante é você ter Deus em seu coração e acreditar que ele pode interceder por você, por seus filhos e por sua vida. E com certeza, com essas atitudes, poderemos recompor nossas vidas, ficar mais pacientes, menos envolvidos com as dificuldades do mundo, para perceber as pessoas que estão ao nosso lado e a presença de Deus.
Olhe do seu lado, perceba que existe uma multidão caminhando e muitas criaturas aguardando que você diga alguma coisa, ouça uma história, fique presente em sua vida.
Você pode, porque Deus está em você.
-----------------------------------
Wilson Francisco
------------------------------------
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
ESTAMOS NUMA ENCRUZILHADA?
Postado por Luiz Felipe às 20:35
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário